Falar mal dos outros

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Falar mal dos outros

O renomado psiquiatra austríaco e médico neurologista Dr. Sigmund Freud disse: “Quando Pedro me fala sobre Paulo, sei mais de Pedro do que de Paulo”. Quem fala mal dos outros expõe seus desvios psicológicos, suas faltas, seus desejos, seus julgamentos, seus complexos, sua moral e suas intenções infernais.

Para psicanálise as fofocas e os boatos têm no seu cerne – o ódio, o ciúme e a inveja – que são dirigidos a instituições ou pessoas, a fim de envenená-las e destruí-las. As fofocas e boatos são mecanismos de controle social à custa da ruína dos outros nas relações humanas, um tipo de fascismo que impõe julgamentos morais, sem direito a defesa.

A pessoa com ódio pode perder o juízo praticando atos criminosos ou se vingando difamando e caluniando. O ciúme causa rivalidade, perseguição e maledicências. Alguém invejoso desperta em si o desejo de prejudicar o próximo com as mentiras e boatos, como uma forma de diminuir a pessoa de quem ela tem inveja.

A pessoa que fala mal dos outros, espalha boato, fofoca e fica reparando a vida alheia sofre desequilíbrio psicológico, não tem princípio educacional e é portadora do mau caráter. Esse tipo de gente é doente, perigosa, perversa e não é de confiança. Muitas pessoas, famílias, grupos, projetos e instituições são destruídos por causa da fofoca.

Há contexto cultural que favorece a promoção do fofoqueiro devido à tradição, os costumes e a hipocrisia religiosa. Na sua neurose de ser aceito no meio social é garantir seu espaço falando mal dos outros e inventando histórias falsas. Na verdade, essa gente vive um vazio na alma, um complexo de inferioridade, insegurança e uma carência afetiva muito aguda. A ausência de um relacionamento íntimo eficaz e prazeroso faz dela uma pessoa perturbada que canaliza toda sua frustração, recalques e traumas num comportamento doentio, indelicado, inconveniente, falso, mentiroso, de brigas, de inimizades e sem amigos.

Tudo está conectado: “Falar demais, fofocar e mentir”. Esta é a trilogia mitomaníaca ou conexão mortal. Entra aqui o fuxico, futrica, mexerico, xeretar, bisbilhotice, ti ti ti e disse me disse. Essa atitude maligna leva a invasão da privacidade, a criação ou divulgação de relatos duvidosos, a distorção de fatos com a intenção de expor as pessoas e, muitas vezes, de prejudicá-las e até levar a depressão e ao suicídio. Quem fala mal dos outros é bizarro, excêntrico, nojento e violenta a dignidade da pessoa humana.

Há muita gente doente mexeriqueira. Esta palavra vem de mexer, que deriva do Latim miscere, “misturar, mesclar, confundir”. Alguém que se interessa pela vida alheia, mistura as coisas e gosta de mexe com assuntos que não são de sua competência e que devem ser deixados de lado, ouse já, não compete a ela confundir e espalhar a confusão.

Há pessoas que, para espalhar notícias maldosas, mesmo que não estejam fundamentadas, se metem na vida alheia para fuxicar. Esta palavra parece vir de futricar, que deriva do Francês foutriquet, “indivíduo desprezível, que não merece ser levado em consideração”.

Faz jus Joseph Fouché, (1759-1820) que foi um político francês e ministro durante a Revolução Francesa e da era napoleônica, notabilizado pela sua extrema falta de caráter, individualismo e por haver trafegado incólume e com sucesso aos mais conturbados períodos da história de França. Muitas vezes é chamado o “Judas da Revolução”. Seu fim foi trágico, afastado, isolado, foragido e morreu no esquecimento. Esse é o fim de quem é traidor, futriqueiro, fuxiqueiro e mentiroso.

O fofoqueiro não guarda segredo de ninguém e nem os seus. O seu veneno é ver a infelicidade dos outros já que a sua vida é maldita.

Como se livrar do fofoqueiro? O melhor mesmo é ignorar, pois dessa forma o fofoqueiro não consegue o seu intento. E, caso o fofoqueiro venha falar mal de alguém diretamente para você, elogie a pessoa que está sendo o alvo da fofoca e defenda-a. Esse é o melhor remédio contra seu veneno e faz calar o fofoqueiro. Se o fofoqueiro não procurar tratamento o seu próprio veneno vai matá-lo.

Tratamento

Para quem sofre o mal da fofoca, existe tratamento psicológico para se libertar desse vício terrível. Quem fala mal dos outros é um doente, um desequilibrado que vive a crise baixa autoestima. Possui uma energia negativa e não encontra um sentido feliz para sua vida. Não é fácil para o fofoqueiro procurar o seu tratamento, mas alguém que entende do seu desequilíbrio pode ajuda-lo com sabedoria a conduzi-lo ao consultório do psicanalista ou do psicólogo.

É preciso trazê-lo à realidade, a uma vida normal, viver de forma saudável, ou seja, no bem-estar físico psicológico. A terapia vai proporcionar a sua integração no meio social da melhor maneira possível. Psicoterapia auxilia a pessoa a uma nova vida.

Dr. A. Inácio José do Vale

Psicanalista Clínico, PhD

Escritor e Conferencista

Professor de Pós-Graduação na Faculdade Norte do Paraná

Membro da Sociedade Brasileira de Psicanálise Contemporânea/RJ. E da Ordem Nacional dos Psicanalistas/RJ.

 

 

 

 

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